Casa Vazia

Não busco mais a poeira escondida atrás da minha memória.Desapeguei das lembranças.Do passado só sinto falta dos mosquitos da casa de praia da infância.Isso e das férias de verão.No dia em que percebi que não precisava mais acordar as dores antigas para que a vida se fizesse notada, passei a perceber todas as coisas que estavam gritando ao meu redor e eu virava a cara.Percebi que o bonito da vida é o cotidiano, é o enroscar dos pés, é o gato que me acorda tão carente quanto eu, e a casa,que guarda o necessário para que eu esteja plena.No dia em que o silêncio foi feito eu senti o gosto real das coisas e a graça de serem vividas até o final.Nada mais é tão importante quanto o fim do dia, a guerra vencida, um ou outro olhar trocado no meio da rua, o livro, e a cama.Nos espaços vazios e no silêncio forçado dessa minha calmaria (tão nova) a felicidade fica tão simples que se torna impossível precisar de mais alguma coisa que não seja de nós.

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